Desafios da Educação a Distância e os impactos na prática profissional foram tema de palestra promovida pela Ascop

Nesta quinta-feira, 12 de setembro, representantes de conselhos profissionais e de cursos de graduação de Santa Catarina estiveram reunidos no auditório do Conselho Regional de Contabilidade (CRCSC) para debater Educação a Distância (EaD). “Impactos da Formação em Ead na Prática Profissional” foi o tema da palestra de Zilamar Costa, da Comissão de Educação do Fórum dos Conselhos Federais da Área de Saúde (FCFAS) e da Comissão de Ensino do Conselho Federal de Farmácia (CFF).

O presidente da Ascop/SC, Ari Neumann (Crea-SC), fez a abertura junto com o conselheiro do CRCSC, Sérgio da Silva, o tesoureiro da Ascop/SC, Marino Tessari (CREF3-SC) e a secretária da Ascop/SC, Helga Regina Bresciani (Coren/SC), que também é coordenadora adjunta da Comissão de Saúde da Ascop/SC. O secretário adjunto da Ascop/SC, Marcos Antônio Neves (CRMV-SC) e a integrante da Comissão de Saúde Jaqueline Ijuim (Crefono10) também participaram, assim como a coordenadora da Comissão de Saúde, Karen Denez (CRF/SC).

Na sua apresentação, Zilamar mostrou os números de cursos de Educação a Distância depois do Decreto 9057/2017, que regulamentou o artigo 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.  A chamada “democratização” do Ensino Superior fez ampliar as ofertas de cursos a distância mas sem respeito aos critérios, segundo informações da palestrante, que mostrou exemplos práticos de pólos de ensino precários e sem estrutura adequada como pede a legislação.

“A flexibilização é boa, desde que se faça de maneira séria. No entanto, estamos vendo um processo de precarização e uma lógica de mercantilização do ensino superior. Estes fatores acabam contribuindo com a desvalorização profissional”, disse ela. No levantamento demonstrado com os quantitativos de vagas em EaD por profissão na área da saúde, Zilamar esclareceu que os cursos de Medicina, Odontologia e Psicologia não possuem cursos nesta modalidade pois passam por análise social do Ministério da Saúde com base em dados do Conselho Nacional de Saúde. “De fevereiro de 2017 a maio de 2019 os números passaram de 274 mil vagas para 1 milhão e 83 mil, com destaque para Educação Física e Fisioterapia que tiveram aumentos significativos de vaga. A Enfermagem conseguiu estabilizar o número depois que passou também a passar pela análise social do Ministério da Saúde e de 59 mil vagas em 2017 passou para 82 mil em 2019”, afirmou.

Os números revelam um crescimento desordenado e com pólos sem infraestrutura adequada, além de estarem em quantidade diferente para cada tipo de curso. São cerc de 1100 pólos de Enfermagem, 6 mil polos para Serviço Social, 9 mil para os cursos de Educação Física e 499 para Fisioterapia, como exemplos. “O que vemos é um desrespeito às diretrizes curriculares, locais sem estrutura e muitas vezes um simples repositório de conteúdos replicados”, disse Zilamar. Segundo ela, as Diretrizes Curriculares Nacionais pedem um modelo por competências, habilidades em laboratórios didáticos especializados e uma integração ensino-serviço com estágios ao longo do curso. Mas na prática temos cursos com encontros presenciais em número de 3 a 4 por semestre, educação baseada na web e sem diferenciação entre os pólos. “É responsabilidade dos conselhos profissionais entender os processos e o que ocorre na formação”, concluiu a palestrante.

Foi aberto espaço para debate, com coordenação da presidente do Coren/SC, Helga Bresciani. Em seguida o encerramento foi feito juntamente pelos demais membros da Diretoria da Ascop/SC, presidente Ari Neumann e tesoureiro Marino Tessari, que fizeram uma breve avaliação do evento destacando a importância deste momento ser um marco para os conselhos profissionais atuarem em prol da defesa de qualidade do ensino.

12 setembro 2019